14.10.09

O som contínuo da chuva

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.
Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(porque Verlaine consente)
dentro do meu coração.

(1930)

Fernando Pessoa

Um poema de um Poeta extraordinário, que me lembra o Outono que se aproxima.

(também em mim se instalou o espírito melancólico do Outono)

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