Vivo dentro de um caleidoscópio, ou talvez dentro de uma reacção química.
Sou o princípio de Le Châtelier, estou em equilíbrio, mas em movimento, ou seja, aparentemente está tudo equilibrado, no entanto, há uma balbúrdia interna descomunal.
No caleidoscópio, sou um arco-íris de cores cintilantes que vai produzindo uma História de sensações multifacetadas. Gira um pouco e novas sensações, surpresas. A surpresa é complicada, é como a mudança. São as duas irmãs do destino. Andam todas de mãos dadas quais siameses separadas a nascença por homens encapuçados de branco.
No entanto, há cordões umbilicais que nunca se separam, mesmo com fortes golpes de vida.
O chicote do tempo, tem as suas limitações. Arrasa com tudo, menos com a própria vida, ou vivências, seja o que lá for. Não arrasa com os tais cordões. São feitos de ligas de aço misturadas com fibras de carbono, com pitadas de Boro. Tremendas construções da natureza, ainda que não sejam visíveis.
O caleidoscópio vai girando mais uma vez.
Novas sensações. As sensações são o mundo em que vivemos, sem elas não éramos.
Pode-se considerar então na minha lógica incoerente, que um conjunto de sensações faz um mundo.
O caleidoscópio gira de novo.
Já três mundos foram construídos.
No entanto, nenhum deles me parece bom para se viver. Já girei várias vezes e parecem-se todos como os planetas que o princepizinho visitou. Não há vestígios de serem bons. Nem mesmo o dele. Se calhar é esse o meu problema, devia voltar para o meu.
Bolas!
Perdi o rumo em busca de tantos planetas que já não sei qual é o meu.
Desencontro-me de mim próprio, estou desterrado e com um caleidoscópio na mão. Já girei e não encontrei. Que fazer?
David Gomes
2-09-2009
Sou o princípio de Le Châtelier, estou em equilíbrio, mas em movimento, ou seja, aparentemente está tudo equilibrado, no entanto, há uma balbúrdia interna descomunal.
No caleidoscópio, sou um arco-íris de cores cintilantes que vai produzindo uma História de sensações multifacetadas. Gira um pouco e novas sensações, surpresas. A surpresa é complicada, é como a mudança. São as duas irmãs do destino. Andam todas de mãos dadas quais siameses separadas a nascença por homens encapuçados de branco.
No entanto, há cordões umbilicais que nunca se separam, mesmo com fortes golpes de vida.
O chicote do tempo, tem as suas limitações. Arrasa com tudo, menos com a própria vida, ou vivências, seja o que lá for. Não arrasa com os tais cordões. São feitos de ligas de aço misturadas com fibras de carbono, com pitadas de Boro. Tremendas construções da natureza, ainda que não sejam visíveis.
O caleidoscópio vai girando mais uma vez.
Novas sensações. As sensações são o mundo em que vivemos, sem elas não éramos.
Pode-se considerar então na minha lógica incoerente, que um conjunto de sensações faz um mundo.
O caleidoscópio gira de novo.
Já três mundos foram construídos.
No entanto, nenhum deles me parece bom para se viver. Já girei várias vezes e parecem-se todos como os planetas que o princepizinho visitou. Não há vestígios de serem bons. Nem mesmo o dele. Se calhar é esse o meu problema, devia voltar para o meu.
Bolas!
Perdi o rumo em busca de tantos planetas que já não sei qual é o meu.
Desencontro-me de mim próprio, estou desterrado e com um caleidoscópio na mão. Já girei e não encontrei. Que fazer?
David Gomes
2-09-2009
O princípio de Le Chatelier parece-me deveras semelhante a uma teoria de Leibniz que sei apenas por alto: o mundo parece um lugar absurdo, desorganizado, sem ordem, para quem o vive ao nível do chão, mas se alguém o visse do alto, tivesse uma visão de conjunto, veria a sua harmonia, a sua ordem. Essa mesma ordem inerente que faz com que estejamos "no melhor dos mundos possíveis" - o tal que deu origem ao livro satírico de Voltaire, Cândido.
ResponderEliminarQuanto à questão, que fazer? Observa o princípio de Le Chatelier: continua, porque se souberes para onde olhar, verás a organização de um eu com o qual não conseguirás cortar, apenas ir evoluindo.
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