10.9.09

Compreensão

Estreio a minha participação aqui com um parágrafo retirado da obra de Hannah Arendt, "as origens do totalitarismo" (tradução de Roberto Raposo), mais precisamente do primeiro prefácio, sobre a compreensão, esse anseio tão humano e tão pouco realizado...

"A convicção de que tudo o que acontece no mundo deve compreensível, pode levar-nos a interpretar a História por meio de lugares-comuns. Compreender não significa negar nos factos o chocante, eliminar deles o inaudito ou, ao explicar fenómenos, utilizar analogias e e generalidades que diminuam o impacte da realidade e o choque da experiência. Significa, antes de mais nada, examinar e suportar conscientemente o fardo que o nosso século [XX] colocou sobre nós - sem negar a sua existência, nem vergar humildemente ao seu peso. Compreender significa, em suma, encarar a realidade sem preconceitos e com atenção, e resistir a ela - qualquer que seja."

(Mas poderá haver realmente compreensão sem um pouco de empatia emocional? Baixar as barreiras da nossa alteridade face a tudo que não nós mesmos?)

1 comentário:

  1. Parece-me que a empatia emocional é necessária para aceitar o resultado da compreensão, não para tentar compreender. A única coisa que impede a compreensão é o facciosismo, portanto acho que é um pouco ao contrário.

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